Lombalgias ou Dor Lombar
- JPT Health Solutions
- 17 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Nos tempos que correm, falar de dor lombar ou lombalgia é fazer referência a um dos principais problemas da população mundial e uma das principais causas de absentismo ao trabalho. Diversos estudos estimam que cerca de 60 a 80% da população terá sentido ao longo da vida este tipo de sintomatologia sendo que 26 a 37% dos casos implica inactividade laboral.
Como poderemos então, definir a lombalgia? É uma dor ou desconforto situada/o entre a última vértebra torácica (T12) e a região glútea superior, com ou sem irradiação para o membro inferior. Para uma melhor percepção anatómica observemos as seguintes imagens:


Na maioria dos casos, a dor lombar é de origem mecânica (tensão muscular, lesão ligamentar, bloqueios articulares, degeneração das vértebras e instabilidade) afectando normalmente apenas a região lombar. Pode também, ser neurogénica (entre outras a principal é a hérnia discal), podendo neste caso surgirem os sintomas irradiados ao longo da nádega, coxa, perna e pé ou apenas numa única zona das atrás referenciadas. Existem outras causas, mas com muito menos predomínio. O quadro doloroso pode ser de início súbito ou lento inibindo ou até mesmo bloqueando certos padrões de movimento da coluna lombar. Actividades como levantar cargas, ou que obrigam a passar longos períodos de tempo sentado ou de pé, sobretudo recorrendo a posturas erradas, podem ser consideradas responsáveis pelo início da sintomatologia. Indivíduos com menor resistência muscular na região lombar e abdominal, tendencialmente adoptam uma postura incorrecta nos movimentos que realizam, ficando assim mais susceptíveis. O factor idade pode também estar presente, não só pela diminuição do suporte muscular das estruturas ósseas, mas também devido ao possível desgaste existente nas vértebras que possa desencadear processos inflamatórios.
A lombalgia pode e deve ser prevenida. Nós, profissionais de saúde, temos como dever não só tratar, mas também sensibilizar a sociedade em geral para os comportamentos a adoptar no dia-a-dia, a fim de reduzir a probabilidade de surgimento de problemas lombares. Faço questão de neste objectivo, incluir também os profissionais de desporto e educação física, uma vez que dispõem de um contacto directo com uma grande parte da população em ginásios, piscinas, escolas, clubes, etc., e da competência necessária para ajudar quem não tem o conhecimento adequado, a consciencializar-se do que deve fazer para ser mais saudável.
Como já foi referido anteriormente, a maioria dos casos de dor lombar está associada a problemas articulares e musculares que não implica compressão de raízes nervosas. Tendo em consideração este facto as terapias manuais e exercícios específicos são fundamentais para o alívio dos sintomas, não excluindo que em determinados casos a medicação, como anti-inflamatórios e relaxantes musculares, têm um papel também importante. Em casos de dor neuropática com origem em pseudo hérnias (protusão discal) ou hérnias discais efectivas não se deve excluir a hipótese de correcção cirúrgica, situação a avaliar pelo ortopedista ou neurocirurgião.
Qual a diferença entre protusão e hérnia discal? No caso da protusão discal existe uma herniação do disco sem qualquer rompimento. Em casos mais graves pode existir comprometimento de raízes nervosas. Quando falamos de uma hérnia discal existe um rompimento do anel fibroso que circunda o disco intervertebral com consequente extravasamento do líquido que compõe o seu núcleo. Este derrame causa compressão nervosa.


Prevenção e tratamento:
A lombalgia pode ser de certa forma prevenida através de uma rotina de alongamentos e de reforço muscular com o objectivo fundamental de equilibrar toda a região lombar, pélvica e abdominal, bem como dotá-la da resistência necessária para as actividades do quotidiano. Assumir posturas corretas que não coloquem mais stress nessa região é também essencial.
Após o problema instalado, em fase aguda, exercícios de mobilidade lombar, alongamentos, algumas técnicas manuais (até ao limiar de dor), repouso selectivo e medicação (esta sempre após a avaliação de um médico) são estratégias a utilizar no sentido de diminuir a sintomatologia, e dessa forma conseguir que posteriormente possam ser aplicadas técnicas mais efectivas na resolução do problema. Em fase subaguda, ou seja, ponto onde a dor não se encontra tão intensa e já se encontra controlada, o tratamento passa por uma manutenção dos exercícios de mobilidade, alongamentos, e conjuntamente já podem ser executadas técnicas miofasciais mais profundas e algumas manipulações articulares específicas para devolver os padrões normais de mobilidade à coluna lombar e respectiva musculatura envolvente. A última etapa consiste em relevar enfaticamente a importância da adopção de melhores hábitos com posturas corretas no dia-a-dia, assim como o fortalecimento de todo o Core (como descrito no paragrafo anterior), com o objectivo de evitar recidivas.
Autor: Tr. João Oliveira
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